Você já sentiu aqueles dias em que a mente não desacelera, o corpo está cansado, mas o sono não vem? Ou aquela tensão que fica acumulada depois de um dia longo de trabalho? Existe um aliado natural que pode ajudar a trazer mais calma sem complicação: o chá de mulungu.
Feito a partir da casca da Erythrina mulungu, uma árvore de flores e tronco robusto, esse chá tem um lugar especial na cultura brasileira. Quem vive no Cerrado ou na Amazônia já conhece seus efeitos há gerações – um preparo simples, mas que tem o poder de acalmar e relaxar de forma natural.
Diferente de outros chás caseiros que podem pedir combinações, o mulungu se destaca pela simplicidade. Suas cascas, quando mergulhadas em água quente, liberam um líquido amarelado e aromático, com um sabor terroso e levemente amargo – que pode ser suavizado com um toque de mel, se preferir.
Receitas Nestlé mostra como incluir o chá de mulungu na sua rotina da maneira certa: desde a escolha do ingrediente até o preparo passo a passo. Seja para tomar sozinho relaxando ou para compartilhar em uma conversa tranquila, ele pode ser um bom companheiro nos momentos em que o corpo e a mente precisam de uma pausa.
O que é o Chá de Mulungu?
O mulungu (Erythrina mulungu) é uma árvore impressionante, tanto pela beleza quanto pelos seus usos tradicionais. Nativa do Cerrado e da Amazônia, essa espécie se destaca por suas flores vermelho-vibrantes, que chamam a atenção em meio à vegetação. Mas além da sua aparência, o que realmente faz o mulungu especial são as propriedades contidas em sua casca, flores e folhas – partes usadas há séculos por povos indígenas e comunidades tradicionais para preparar chás e remédios naturais.

Origem e tradição do Mulungu
O mulungu tem raízes na cultura brasileira. No Xamanismo e em rituais indígenas, a árvore era considerada sagrada, acreditando-se que ela trazia proteção e equilíbrio espiritual.
Já na medicina popular, suas cascas eram (e ainda são) usadas para ajudar no relaxamento, alívio da tensão e melhora do sono. Não é à toa que, em algumas regiões, o mulungu também é chamado de "árvore-da-felicidade" – uma referência ao seu efeito calmante e reconfortante.
Partes usadas no chá de Mulungu
O chá de mulungu pode ser feito a partir de diferentes partes da árvore, cada uma com suas particularidades:
- Casca: A parte mais utilizada, conhecida por sua concentração de alcaloides, como a erisodina, que contribui para o efeito relaxante.
- Flores: Menos comum, mas também usada em algumas preparações, especialmente em infusões mais suaves.
- Folhas: Embora menos potentes que a casca, podem ser uma alternativa quando frescas e bem preparadas.
O chá de mulungu tem um sabor terroso e levemente amargo, característico de plantas medicinais com ação no sistema nervoso. No entanto, esse amargor pode ser facilmente equilibrado com ingredientes como:
- Mel (para um toque adocicado e suavizante),
- Canela (que adiciona um aroma quente e ajuda a disfarçar o gosto forte),
- Casca de laranja ou cravo (para uma versão mais aromática).
Para que serve o Chá de Mulungu? Confira 4 benefícios comprovados
De forma geral, o chá de mulungu serve para auxiliar em crises de ansiedade e insônia leves. Mas vai ainda além disso! Confira:
1. Ação Ansiolítica Natural
O mulungu contém alcaloides bioativos, como a erisodina e a eritravina, que atuam diretamente no sistema nervoso central. Esses compostos ajudam a regular a atividade dos neurotransmissores associados ao estresse, como o GABA (ácido gama-aminobutírico), promovendo uma sensação de relaxamento sem causar sedação excessiva. Por isso, o chá é usado tradicionalmente para acalmar a mente em momentos de tensão ou ansiedade leve.
2. Aliado do sono profundo
Quem sofre com agitação noturna ou insônia pode se beneficiar do efeito sedativo suave do mulungu. Suas propriedades ajudam a reduzir a hiperatividade cerebral, facilitando a transição para um sono mais reparador.
Diferente de alguns calmantes farmacêuticos, o chá não costuma causar dependência, mas deve ser consumido com moderação – idealmente, 30 a 40 minutos antes de dormir.
3. Controle da pressão arterial
Estudos preliminares indicam que os compostos do mulungu podem ter efeito vasodilatador, ajudando a relaxar os vasos sanguíneos e melhorar a circulação.
Embora não substitua tratamentos médicos, o chá é usado na medicina popular como coadjuvante para pressão moderadamente elevada. Se você já tem diagnóstico de hipertensão, consulte um profissional antes de consumi-lo regularmente.
4. Alívio de dores musculares
Graças às suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, o mulungu pode ajudar a aliviar dores musculares e articulares, especialmente as relacionadas a tensão ou esforço excessivo.
Acredita-se que seus flavonoides atuem inibindo a produção de substâncias inflamatórias, como as prostaglandinas, proporcionando um alívio natural sem os efeitos colaterais de medicamentos sintéticos.
5. Redução de espasmos e cólicas
O chá é tradicionalmente utilizado para acalmar espasmos involuntários, seja em casos de cólicas menstruais, intestinais ou até mesmo broncoespasmos leves.
Seus alcaloides têm ação antiespasmódica, relaxando a musculatura lisa de órgãos como útero e intestino. Para melhores resultados, recomenda-se tomar o chá morno e em pequenas doses ao longo do dia durante crises.
Como fazer chá de Mulungu? Aprenda a receita simples
O segredo para aproveitar todo o potencial do mulungu está no preparo correto. Ao contrário de alguns chás que podem ser fervidos por longos minutos, o mulungu exige cuidado para preservar seus princípios ativos.
Ingredientes
- 1 colher de chá de casca seca de mulungu (cerca de 2g)
- 1 xícara de água filtrada (240ml)
- Mel, canela ou casca de laranja (opcional)
Modo de Preparo
- Leve a água ao fogo até que comece a formar as primeiras bolhas no fundo da panela (cerca de 80-90°C).
- Não deixe ferver completamente. A água em ebulição (100°C) pode degradar os compostos medicinais do mulungu.
- Enquanto a água aquece, coloque a casca seca de mulungu em uma xícara ou bule de vidro/cerâmica.
- Se quiser um chá mais aromático, adicione uma pitada de canela em pó ou um pedaço de casca de laranja seca.
- Despeje a água quente sobre a casca e tampe imediatamente com um pires ou tampa.
- Deixe em infusão por 8 a 10 minutos. Esse tempo é ideal para extrair os alcaloides sem liberar excesso de taninos (que deixam o sabor amargo demais).
- Use uma peneira fina ou coador de papel para remover todos os resíduos da casca.
Dicas gerais
- Se preferir, adoce com 1/2 colher de chá de mel (além de melhorar o sabor, o mel potencializa o efeito calmante).
- Tome 1 xícara (200ml), preferencialmente 30 minutos antes de dormir para aproveitar seu efeito relaxante.
- Para ansiedade durante o dia, reduza a dose para 1/2 xícara e evite atividades que exigem alerta após o consumo.
- Prefira casca seca e inteira (não em pó) para evitar sobredosagem.
- Guarde a casca em um pote escuro e bem fechado, longe de umidade.
- Nunca use a casca fresca (pode ser tóxica).
Cuidados e contraindicações do Chá de Mulungu
Embora o chá de mulungu seja um aliado natural para o relaxamento e o alívio de diversos desconfortos, seu consumo exige atenção. Assim como qualquer planta medicinal, o mulungu possui substâncias ativas que podem interagir com o organismo de formas variadas.
Por isso, é fundamental conhecer suas restrições e usá-lo com moderação para evitar efeitos indesejados.
É importante consultar o seu médico ou nutricionista antes de consumir o chá de mulungu, principalmente quem fizer uso de algum medicamento.
Crianças, gestantes, mulheres que amamentam e outros grupos de risco devem evitar ingerir a planta, pois não existem estudos suficientes para comprovar sua segurança e eficácia.
1. Grávidas e pessoas com pressão baixa
O mulungu contém alcaloides que podem estimular a musculatura uterina, aumentando o risco de contrações prematuras. Por ter possível efeito vasodilatador, o chá pode reduzir ainda mais a pressão arterial, causando tonturas ou desmaios.
2. Limite de consumo: máximo de 2 xícaras por dia
Em excesso, os alcaloides do mulungu podem levar a sonolência intensa, lentidão mental ou confusão temporária e em casos raros, náuseas e dor de cabeça.
A dose segura é de 1 xícara (200 ml) por vez, até 2 vezes ao dia, com intervalo de 6 horas entre elas.
3. Nunca use a planta fresca
A casca fresca de mulungu contém concentrações mais altas de toxinas naturais (como eritralina), que podem causar intoxicação leve a moderada (vômitos, diarreia). Sempre opte pela casca seca, que passa por processos naturais de eliminação dessas substâncias.
Referências:
https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/cha-de-mulungu-para-que-serve-e-como-preparar.ghtml
https://saude.abril.com.br/alimentacao/beneficios-do-cha-de-mulungu-a-saude-quais-sao/